quarta-feira, 21 de outubro de 2009

harold pinter vs ian simmonds

seguem as estruturas da linguagem e a estrutura da realidade
(com isto quero dizer o que realmente acontece) em linhas pa-
ralelas? permanece a realidade essencialmente fora da lingua-
gem, separada, obstinada, alienada, não sendo susceptível de
ser descrita? será impossível haver uma correspondência pre-
cisa e vital entre o que é e a nossa percepção disso? ou nós é
que somos obrigados a usar a linguagem de maneira a obscu-
recer e a distorcer a realidade - distorcer o que é, distorcer o
que acontece - porque temos medo dela? somos encorajados
a sermos cobardes. não somos capazes de encarar os mortos
porque é em nosso nome que eles morrem. temos de prestar
atenção ao que anda a ser feito em nosso nome. eu creio que é
devido à maneira como usamos a linguagem que fomos apanha-
dos nesta terrível armadilha, em que as palavras como liberda-
de, democracia e valores cristãos ainda são usados para justifi-
car políticas e actos bárbaros e vergonhosos. temos a obrigação
séria e urgente de sujeitar tais termos a um escrutínio intenso
e crítico. se não o fizermos, tanto o nosso juízo moral como polí-
tico permanecerá fatalmente debilitado.

- harold pinter -
(oh, super-homem. transmitido no opinion, channel 4, 31/05/90)



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- ian simmonds -
(jet)

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