segunda-feira, 22 de novembro de 2010

gonçalo m. tavares vs steve reich

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mas ouçamos uma história (outra parábola?):
um duro homem avança por uma rua
que termina numa floresta como antes na infância
avançara por uma floresta que terminava
numa rua.
olha para todos os lados mas evita olhar para cima
pois alguém lhe dissera que os humanos
só participam nos acontecimentos
abaixo do nível dos olhos,
e esta expressão - abaixo do nível dos olhos -
torna-se tão forte como a velha expressão
- abaixo, ou acima, do nível do mar.


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e eis então que a referência natureza
é substituída pela referência humana.
homens que antes agiam ao nível do mar
agem agora acima ou abaixo do nível dos olhos.
e digamos que: acima do nível dos olhos age
quem espera que os elementos divinos,
o acaso e o destino, resolvam o que a psicologia
e os utensílios não conseguem perceber.


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ao nível dos olhos, pelo contrário, age quem acredita
que os gestos humanos são ainda, ou são agora,
a mais forte aceleração
que se pode introduzir no mundo.
quem age abaixo do nível dos olhos reconhece
que o avanço não foi suficiente
e que só a parte animal do homem,
ou a parte que se humilha, podem solucionar os conflitos.
saltar, argumentar, rastejar
- eis, em síntese, três formas humanas
de responder a um único mundo.
(e bloom vai praticar todas.)

- gonçalo m. tavares -
(uma viagem à índia, canto i)



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- steve reich -
(music for 18 musicians - section iiia)