as paixões dormem, o riso postiço criou cama, as mãos
habituaram-se a fazer todos os dias os mesmos gestos.
a mesma teia pegajosa envolve e neutraliza, e só um
ruído sobreleva, o da morte que tem diante de si o
tempo ilimitado para roer. há aqui ódios que minam e
contaminam, mas como o tempo chega para tudo, cada
ano minam um palmo. a paciência é infinita e mete espi-
gões pela terra dentro: adquiriu a cor da pedra e todos
os dias cresce uma polegada. a ambição não avança
um pé sem ter o outro assente, a manha anda e desanda,
e, por mais que se escute, não se lhe ouvem os passos.
na aparência é a insignificância a lei da vida: é a insigni-
ficância que governa a vila. é a paciência, que espera
hoje, amanhã, com o mesmo sorriso humilde: - tem
paciência.
- raúl brandão -
(húmus)
- alva noto & ryuichi sakamoto -
(a attack : b transition)
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