Mostrar mensagens com a etiqueta snippets. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta snippets. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 4 de julho de 2011

júlio ramón ribeyro vs johnny cash

13

dentro de nós há como que um instituto de meteorologia que
emite todas as manhãs o nosso estado sentimental: estaremos
contentes, sofreremos, fúria ao meio-dia, etc. e, dada essa
previsão, avançamos temerosos ou confiantes. instituição fa-
laciosa, tão incerta como a que prediz o tempo: a tarde da
qual esperávamos tanto júbilo cobre-se subitamente de uma
tristeza insuportável. mas também como ilumina essa noite
previsivelmente lúgubre o sorriso da desconhecida.

- júlio ramón ribeyro -
(prosas apátridas)

Photobucket

- johnny cash -
(heart of gold)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

milan kundera vs philip glass & leonard cohen

3.

a sensibilidade é indispensável ao homem, mas torna-se temível a
partir do momento em que é aceite como um valor, como um critério
de verdade, como a justificação de um comportamento. os mais
nobres sentimentos nacionais estão prontos a justificar os piores
horrores; e, com o peito insuflado de sentimentos líricos, o homem
comete as piores baixezas em nome do sagrado amor.
(...)

- milan kundera -
(jacques e o seu amo, introdução a uma variação)



Photobucket

- philip glass & leonard cohen -
(puppet time)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

herberto helder vs alva noto and ryuichi sakamoto

um dia há a fome. não essa habitual fome surda e continuada,
a básica fome da ilha - estilo central com suas tréguas que
empenham de novo o homem no acto de viver. há a fome extrema.
então as mulheres saem das casas e atravessam os caminhos em
grupos mudos. têm as caras das pessoas velhas embora algumas
sejam ainda mulheres jovens. o seu passo é incerto, porque
saem pouco. estão desesperadas e dirigem-se às autoridades
da ilha. caminham num passo sem jeito, vestidas de negro,
com aquele pensamento femininamente feroz do pão, a deter-
minação de fêmeas ameaçadas nos fundamentos da vida. é uma
fome imediata, um pouco sem dignidade. não atinge a forma de
ideia, uma expressão de silêncio sombrio. é uma fome-fêmea,
e por isso será remediada.
os homens estão deitados na praia, e ir às autoridades é a
última coisa, a coisa desesperada, convincente, brutal e
eficaz que pertence às mulheres. esse alarde a que não fal-
ta malícia não é dos homens. o orgulho inútil é que é dos
homens. ficam na mesma posição, olhando para o mundo. e nes-
se orgulho imóvel de que extraem não se sabe que confusa
justificação, sentem toda a fome por todas as partes do cor-
po. é uma fome-macho, e por isso não seria remediada se a
seu lado se não tivesse desenvolvido, com toda a ignóbil e
engenhosa energia, a fome das mulheres. é a salvação.
as autoridades redigem um apelo às ilhas vizinhas mais, fer-
téis, e depois chega um barco com farinha de milho e barri-
cas de carne seca.

- herberto helder -
(uma ilha em sketches, photomaton & vox)


Photobucket

- alva noto & ryuichi sakamoto -
(a attack : b transition)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

robert louis stevenson vs starfucker

os fios de uma história entrelaçam-se de vez em quando e
formam uma imagem na teia; de vez em quando, as personagens
adoptam uma atitude entre si ou em relação à natureza, que
deixa a história gravada como uma ilustração. crusoe retro-
cedendo perante uma pegada, aquiles gritando contra os
troianos, ulisses dobrando um grande arco, christian a cor-
rer com os dedos nos ouvidos: todos estes são momentos cul-
minantes na lenda, e todos ficaram impressos para sempre
no olho da mente. podemos esquecer outras coisas; podemos
esquecer as palavras, mesmo que sejam belas; podemos esque-
cer os comentários do autor, mesmo que sejam engenhosos e
verdadeiros; mas estas cenas capitais, que põem a marca
definitiva da verdade numa história e, de um só golpe,
preenchem a nossa capacidade de prazer, adoptamo-las de
tal modo no íntimo do nosso espírito que nem o tempo nem
a maré podem apagar ou enfraquecer a sua impressão.

- robert louis stevenson -
(a gossip on romance, memories an portraits)



Photobucket

- starfucker -
(bed-stuy [super cop])

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

alberto moravia vs sun ra

(...)
a índia é um conceito de vida.
que conceito?
o bem conhecido conceito, segundo o qual tudo
aquilo que parece real não é real, e tudo aquilo que
não parece real é real. deste conceito deriva a des-
valorização completa da vida como coisa absurda e
dolorosa, e a convicção de que o homem não deve
agir para melhorar o mundo, mas sim para dele sair
e juntar-se à realidade supra-sensível, ou seja,
espiritual. a religião é, pois, um conceito comple-
tamente negativo no que respeita à realidade dos
sentidos, por ser completamente positivo quanto à
realidade espiritual.
(...)
é um conceito pessimista.
não, não é um conceito pessimista, é um conceito
que nega certas coisas e afirma algumas outras. é
pessimista se o considerarmos do ponto de vista das
coisas que nega, é optimista se o considerarmos do
ponto de vista das coisas que afirma. é pessimista
do ponto de vista europeu ou, pelo menos, daquele
que em tempos era o ponto de vista europeu; é opti-
mista do ponto de vista indiano ou, pelo menos, da-
quele que era em tempos o ponto de vista indiano.
porquê? ambos os pontos de vista mudaram?
sim, mudaram.
e de que modo?
os indianos imitam os europeus e os europeus os
indianos.
(...)

- alberto moravia -
(uma ideia da índia)



Photobucket

- sun ra -
(enlightenment)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

vinicius de moraes vs the middle east

uma noite do rio

trata-se, quero supor, de um gesto simpático de hollywood,
em relação a nós. a gente assiste aquela patacoada toda,
vê efêmeras paisagens cariocas, fica furioso de saber como
carmen miranda procede, e sai em branca nuvem.
o filme em si não vale nada. é uma velha, velhíssima histó-
ria de cinema falado, que chevalier já fez, e que tem sido
milhares de vezes repisada. carmen miranda aparece como
qualquer coisa de exótico, agreste, escarlate. fala e faz
mais trejeitos que um esquizofrênico sob um choque de car-
diasol. pensando bem, carmen miranda é um hindu, mais que
uma brasileira. são turbantes coloridos, braços como ser-
pentes, mãos como cabeças de najas.
é tão prodigioso, que carmen miranda não consegue apenas
ser o hindu - consegue ser o hindu e a serpente, coisa que
em matéria iogue é da mais alta importância.
[...]

- vinicius de moraes -
(a manhã, 1941)


Photobucket

- the middle east -
(blood)

terça-feira, 27 de julho de 2010

italo calvino vs mazgani

tu leitor julgavas que ali debaixo do alpendre o meu
olhar estava apontado para os ponteiros recortados
como alabardas de um redondo relógio de velha estação,
no vão esforço de fazê-los andar para trás, a percor-
rer em sentido contrário o cemitério das horas passa-
das jacentes exangues no seu panteão circular. mas
quem te diz que os números do relógio não se debruçam
de janelinhas rectangulares e eu não vejo cada minuto
cair-me em cima de repente como a lâmina de uma gui-
lhotina? seja como for, o resultado não mudaria muito:
mesmo avançando num mundo todo polido e escorregadio
a minha mão contraída no pequeno leme da mala de ro-
dízios não deixaria de exprimir uma recusa interior,
como se aquela ligeira bagagem constituísse para mim
um peso ingrato e extenuante.

- italo calvino -
(se numa noite de inverno um viajante)



Photobucket

- mazgani -
(thirst)

domingo, 23 de maio de 2010

julio cortázar vs tobacco

o homem-criança não é um cavalheiro, mas um cornópio
que não percebe bem o sistema de linhas de fuga graças
às quais se cria uma perspectiva satisfatória da circuns-
tância, ou então, tal como acontece com as collages mal
sucedidas, se sente numa escala diferente relativamente
à circunstância, uma formiga que não cabe num palácio
ou um número quatro no qual não cabem mais do que três
ou cinco unidades.

- julio cortázar -
(do sentimento de não estar totalmente)



Photobucket

- tobacco -
(nuclear waste aerobics)

quinta-feira, 29 de abril de 2010

robert musil vs ebony bones

como acontece com muitos homens que chegaram a uma
situação importante, esse sentimento consistia, longe
de qualquer egoísmo, num amor profundo pelo que é útil,
digamos, a um nível universal e supra-pessoal; por ou-
tras palavras, numa veneração sincera por aquelas coi-
sas sobre as quais construímos o que nos é vantajoso,
não pela simples razão de o construirmos mas em harmo-
nia e em concomitância com isso e por razões de ordem
geral. trata-se de uma questão de grande importância:
um cão de raça procura o seu lugar debaixo da mesa,
insensível aos pontapés, não porque é cão e se rebaixa,
mas por dedicação e fidelidade; também na vida os in-
divíduos frios e calculistas não conseguem metade do
êxito alcançado por aquelas almas mais perfeitamente
equilibradas capazes de nutrir pelas pessoas e pelas
situações que lhes são proveitosas sentimentos verda-
deiramente profundos.

- robert musil -
(o homem sem qualidades)



Photobucket

- ebony bones -
(don't fart on my heart)

domingo, 25 de abril de 2010

machado de assis vs santogold

(...)
ignora-se o que pensou durante os primeiros
minutos: mas, ao cabo de um quarto de hora,
eis o que ele dizia consigo: - ninfa, doce
amiga, fantasia, inquieta e fértil, tu me
salvaste de uma ruim peça com um sonho ori-
ginal, substituíste-me o tédio por um pesa-
delo; foi um bom negócio. um bom negócio e
uma grave lição: provaste-me ainda uma vez
que o melhor drama está no espectador e
não no palco.

- machado de assis -
(a chinela turca)



Photobucket

- santogold -
(say aha)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

jean genet vs 40 winks

para analisar um quadro são precisos mais
esforço e uma complexa operação. foi real-
mente o pintor - ou o escultor - quem por
nós realizou essa dita operação. assim nos
é restituída a solidão do personagem ou
objecto representados e nós, que olhamos,
para a compreendermos e sermos por ela to-
cados, devemos ter experiência não da con-
tinuidade mas sim da descontinuidade do
espaço.
cada objecto cria seu espaço infinito.

- jean genet -
(o estúdio de alberto giacometti)



Photobucket

- 40 winks -
(sketch)

terça-feira, 20 de abril de 2010

bertolt brecht vs caravan palace

(...)
maë - e tu não és livre?

garga - não. pausa. nós não somos livres. tudo começa com o
café da manhã e com a porrada que se leva quando se faz
asneiras, e as lágrimas da mãe salgam a sopa dos filhos e é
o suor da mãe que lhes lava as camisas e estamos garantidos
até chegar a idade do gelo e a raiz fica no coração. e quando
se é adulto e se quer fazer qualquer coisa de alma e coração,
descobrimos que já fomos pagos, iniciados, carimbados, ven-
didos a preço alto e não temos liberdade para sucumbir.
(...)

- bertolt brecht -
(na selva das cidades)



Photobucket

- caravan palace -
(sofa)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

isaiah berlin vs the doors

terás falta de liberdade ou liberdade política apenas se fores impedido por seres humanos de atingir um objectivo. mera incapacidade de atingir um objectivo não é falta de liberdade política. esta questão é exposta pelo uso de expressões modernas tais como 'liberdade económica' e o seu oposto 'escravatura económica'. debate-se, muito plausivelmente, que se um homem é demasiado pobre para se permitir algo que não esteja legalmente banido - uma fatia de pão, uma viagem à volta do mundo, o recurso a tribunais - ele tem tão pouca liberdade de o possuir como se lhe fosse proibido por lei. se a minha pobreza fosse uma espécie de doença que me impedisse de comprar pão, ou pagar a viagem à volta do mundo ou que o meu caso fosse julgado, tal como o coxear me impede de correr, esta incapacidade não seria como é natural descrita como falta de liberdade, muito menos como falta de liberdade política. é apenas porque acredito que a minha incapacidade de conseguir algo se deve ao facto de outros seres humanos terem criado condições segundo as quais eu, ao contrário de outros, esteja impedido de ter dinheiro suficiente para pagar, me considero uma vítima de coerção ou escravatura. ou seja, a utilização deste termo depende de uma teoria económica e social particular no que diz respeito à minha pobreza e debilidade. se a minha falta de meios materiais resulta da minha falta de capacidade física ou mental, então começo por dizer que estou privado de liberdade (e não simplesmente de pobreza) apenas se eu aceitar a teoria. se, além disso, acreditar que estou a ser impedido de ter algo que desejo por um determinado conjunto de condições que eu considero injustas ou desiguais, falo de escravatura ou opressão económica.

- isaiah berlin -
(two concepts of liberty, trad. menino mau)



Photobucket

-the doors -
(break on through)

terça-feira, 6 de abril de 2010

savino vs eluvium

o nevoeiro é cómodo. transforma a cidade numa
enorme caixa de bombons, e os seus habitantes
em outros tantos frutos cristalizados... pas-
sam no nevoeiro mulheres e raparigas encapu-
chadas. um fumo leve bafeja em volta das na-
rinas e da boca entreaberta... dar por si nu-
ma sala prolongada por espelhos... abraçar-se
cheirando ainda a nevoeiro, enquanto o nevo-
eiro lá fora pressiona a janela e a cortina
diáfana, discreta, silenciosa, protectora...

- savino (via umberto eco) -


Photobucket

- eluvium -
(leaves eclipse the light)

terça-feira, 23 de março de 2010

isaiah berlin vs duchess says

tudo é o que é: liberdade é liberdade, não igualdade ou justeza
ou justiça ou cultura, ou felicidade humana ou uma consciência
tranquila. se a liberdade própria ou da minha classe ou país de-
pende da miséria de um número de outros seres humanos, o sistema
que tal promove é injusto e imoral. mas se eu limitar ou perder
a minha liberdade de forma a diminuir a vergonha de tal desigual-
dade, e não fizer desta forma aumentar materialmente a liberdade
de outros, uma perda absoluta de liberdade ocorre. isto pode ser
compensado por um ganho em justiça ou em felicidade ou em paz,
mas a perda de liberdade 'social' ou 'económica' - é aumentada.
continua no entanto a ser verdade que a liberdade de alguns deve
por vezes ser limitada para garantir a liberdade de outros. se-
gundo que princípio deverá tal ser feito? se a liberdade é um
valor sagrado e intocável, tal princípio não pode existir.
(...)
ainda assim, um compromisso prático tem que ser encontrado.

- isaiah berlin -
(two concepts of liberty, trad. menino mau)


Photobucket

- duchess says -
(prologue)

robert musil vs damon albarn & world music police

mas muitos se perguntarão se afinal este mundo anda
tanto às avessas que seja preciso estar sempre a dar-
-lhe a volta. o próprio mundo há muito tempo que deu
duas respostas a essa pergunta. de facto, desde que o
mundo é mundo que a maior parte das pessoas, na sua
juventude, acha que ele deve ser virado do avesso.
achavam ridículo que os mais velhos se agarrassem à
ordem existente e pensassem com o coração, que é um
pedaço de carne, em vez de o fazerem com o cérebro.
essas pessoas mais novas sempre consideraram que a
estupidez moral dos mais velhos era também sinal de
uma incapacidade de estabelecer novas relações, tal
como a vulgar estupidez intelectual; a moral que lhes
é própria é uma moral da realização, do heroísmo e da
mudança. no entanto, mal chegam à idade madura, es-
quecem tudo isso e nem querem ouvir falar dela.

- robert musil -
(o homem sem qualidades)



Photobucket

- damon albarn & world music police -
(nabintou diakite)

quinta-feira, 18 de março de 2010

witold gombrowicz vs london elektricity

(...)
o prazer físico daquela viagem consistia antes de mais
no facto de o balão ser enorme e inchado e ainda
1) de se poder navegar quase sobre a cabeça das pessoas
mas fora do alcance das suas mãos estendidas;
2) de, se se encontrasse uma árvore ou uma casa, se po-
der tomar altura e voltar a descer logo a rasar o solo;
3) de o balão, apesar de enorme, ser extremamente sen-
sível, silencioso e submisso aos mais pequenos capri-
chos do ar, e de nós na gôndola sermos exactamente como
ele, de termos tomado a sua dócil alma infantil;
4) de a aragem, que aos outros só acariciava as faces,
nos levar, a nós, e de nunca ser possível prever o nos-
so destino no espaço;
5) de, sem nenhuma maquinaria, para além de um candeei-
ro a querosene, e mesmo sem nenhum gás, mas apenas com
a tela, as cordas, a gôndola, nós e o ar, haver a tela,
as cordas, a gôndola e nós no ar;
6) e sexto e último, na magnífica sombra esférica a des-
lizar pela relva.
(...)

- witold gombrowicz -
(aventuras)



Photobucket

- london elektricity -
(fast soul music)

terça-feira, 16 de março de 2010

robert walser vs high contrast

graças a deus que ainda há quem tenha dúvidas e quem
tenha a tendência para hesitar. como se todos esses
que cortam a direito e logo resolvem tudo de uma pe-
nada, e ainda assim se dão ao luxo de serem exigentes,
fossem para nós um modelo e fossem bons cidadãos do
país a que pertencem. isso, de modo nenhum! e os im-
perfeitos são mais perfeitos que os perfeitos e os
imprestáveis têm muitas vezes mais préstimo do que os
que são considerados prestáveis e, aliás, não há ne-
cessidade de se ter sempre à disposição todas as coi-
sas do mundo, ao mesmo tempo ou com a maior das pres-
tezas. bom será que continue a haver para as pessoas,
também no nosso tempo, o luxo de uma vida boa e que
vá para o diabo uma sociedade que pretenda eliminar
todo o bem-estar e toda a descontracção!

- robert walser -
(o salteador)



Photobucket

- high contrast -
(tread softly)

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

chico buarque vs damon albarn & world music police

mas um homem sem compromisso, com uma mala na mão,
está comprometido com o destino da mala.

- chico buarque -
(estorvo)



Photobucket

- damon albarn & world music police -
(nabintou diakite)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

jean genet vs rjd2

zona secreta, solidão onde se refugiam os seres - e
as coisas -, é ela que dá beleza à rua: por exemplo,
se for sentado num autocarro basta olhar pela janela.
a rua cede o que o autocarro devassa. sigo demasiado
depressa para ter tempo de reter rostos ou gestos, a
velocidade exige do meu olhar igual velocidade, e por
isso nem um rosto, um corpo ou atitude sequer, me es-
peram: tudo está ali nu.

- jean genet -
(o estúdio de alberto giacometti)



Photobucket

- rjd2 -
(the stranger)