(...)
o prazer físico daquela viagem consistia antes de mais
no facto de o balão ser enorme e inchado e ainda
1) de se poder navegar quase sobre a cabeça das pessoas
mas fora do alcance das suas mãos estendidas;
2) de, se se encontrasse uma árvore ou uma casa, se po-
der tomar altura e voltar a descer logo a rasar o solo;
3) de o balão, apesar de enorme, ser extremamente sen-
sível, silencioso e submisso aos mais pequenos capri-
chos do ar, e de nós na gôndola sermos exactamente como
ele, de termos tomado a sua dócil alma infantil;
4) de a aragem, que aos outros só acariciava as faces,
nos levar, a nós, e de nunca ser possível prever o nos-
so destino no espaço;
5) de, sem nenhuma maquinaria, para além de um candeei-
ro a querosene, e mesmo sem nenhum gás, mas apenas com
a tela, as cordas, a gôndola, nós e o ar, haver a tela,
as cordas, a gôndola e nós no ar;
6) e sexto e último, na magnífica sombra esférica a des-
lizar pela relva.
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- witold gombrowicz -
(aventuras)
- london elektricity -
(fast soul music)
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