a rua é das crianças
ninguém sabe andar na rua como as crianças. para elas
é sempre uma novidade, é uma constante festa transpor
umbrais. sair à rua é para elas muito mais do que sair à rua.
vão com o vento. não vão a nenhum sítio determinado, não se
defendem dos olhares das outras pessoas e nem sequer, em
dias escuros, a tempestade se reduz, como para a gente cres-
cida, a um obstáculo que se opõe ao guarda-chuva. abrem-se
à aragem. não projectam sobre as pedras, sobre as árvores,
sobre as outras pessoas que passam, cuidados que não têm.
vão com a mãe à loja, mas apesar disso vão sempre muito
mais longe. e nem sequer sabem que são a alegria de quem
as vê passar e desaparecer.
- ruy belo -
- pascal comelade -
(il ventilateur della f.a.i.)
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