sexta-feira, 31 de julho de 2009

bertolt brecht vs anouar brahem

o coral do grande baal
(versão de 1955)


já no ventre da mãe baal crescia
estava o céu grande, baço, em acalmia
cheio de portentos, jovem e sem fundo
como baal o queria ao vir ao mundo

e o céu ali estava, em tristeza, alegria,
quando baal dormia, era feliz e não o via
de noite, ele violeta, baal embriagado:
baal de manhã santo, ele desmaiado

e baal calcorreia com indiferença
tascas, igrejas, hospitais sem parar,
não há cansaço, minha gente, que o vença,
baal arrasta o céu ao seu afundar.

no meio da escumalha dos pecadores
rebola-se baal, nu, sem histeria:
só o céu, mas sempre céu, senhores,
imponente, a nudez lhe cobria.

e a grande fêmea, a vida, que se of'rece
rindo àqueles que entre os joelhos aperta
deu-lhe algums gozos e ele agradece.
mas baal não morreu: ficou alerta.

e quando via mortos à sua volta
o prazer era sempre a dobrar.
tanto espaço, diz baal, há pouca malta.
tanto espaço, diz baal, dentro desta mulher.

se existe deus, se deus é uma invenção,
é indiferente, enquanto baal houver.
mas bem mais séria é para baal a opção
entre ter vinho ou não o ter.

se uma fêmea, diz baal, tudo vos der
deixai andar, que mais não deve ter!
uma mulher com homem não tem mal:
mas crianças teme-as até baal.

todos os vícios para alguma coisa servem
e diz baal, também o homem que os tem.
um vício é bom se souberes p'ra onde vais.
arranja dois: um deles está a mais!

não sejas sorna, que isso não dá prazer!
o que qu'remos, diz baal, é o que tem de ser.
se fizeres merda, diz baal, essa parada
é melhor do que não fazer nada.

mas não sejas tão sorna nem tão dócil
que o prazer, sabe deus, não é fácil!
é preciso membros fortes, experiências:
e às vezes não dá jeito a grande pança.

o prazer amolece, há que ser forte.
se der para o torto, deixa correr a sorte!
será eternamente jovem quem
noite após noite de si der cabo, e bem.

e se baal algum dia quebrar
alguma coisa, para por dentro a ver -
é pena lá isso é, mas é a brincar,
é sina a que baal não quer fugir.

e se a sina for suja - pois, paciência,
é de baal, dos pés à cabeça!
é a sina de baal, e ele quer-lhe bem -
até porque outra sina ele não tem!

aos abutres anafados que no céu
esperam por baal morto, ele pisca um olho
às vezes faz que morre. a ave desceu
e baal, mudo, come-a à ceia com molho.

no vale de lágrimas, sob estrelas de outono
baal devora vastos campos, mai mascando.
depois de os limpar, baal segue cantando
até à eterna floresta, e cai no sono.

e quando o ventre escuro o chama afinal,
o que é o mundo ainda? baal está farto.
tanto céu sob os olhos tem baal
que lhe chega de céu, mesmo já morto.

e já no escuro da terra apodrecia
e estava o céu grande, baço em acalmia
cheio de portentos e jovem e sem fundo
como baal o quis cá neste mundo.

- bertolt brecht -
(baal)

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- anouar brahem -
(raf raf)

terça-feira, 28 de julho de 2009

stuart mcmillen vs ebony bones


- ebony bones -
(we know all about u)


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- stuart mcmillen -

domingo, 26 de julho de 2009

charles bukowski vs serrah + maserati

lençóis

esses lençóis que aí tem
disse a velha senhora
da secção de utensílios domésticos
são para cama de casal.
tem uma cama de casal ou uma
cama de solteiro?
bem, está a ver, respondi,
a minha cama é uma cama invulgar, é
uma cama tipo corpo e
meio.
descreva a sua cama, disse ela.
o quê?
descreva a sua
cama.
preferia não o fazer, disse.
bem, disse a velha senhora, quero que
saiba que os lençóis que aí tem são
para uma cama de casal, e se tem uma cama de
solteiro, é contra a lei
estatal.
o quê? perguntei. como
disse?
eu disse, que é contra a lei
estatal.
ou seja? perguntei.
ou seja, não pode devolver esses lençóis
depois de ter aberto a
embalagem.
está bem, respondi, dê-me um par de individuais.
tratou-me então com confortável
desdém. penso que a velha senhora teria estado nos
lençóis toda a sua
vida. penso que deviam colocar raparigas jovens
na secção dos lençóis.
apesar de tudo, lençóis não me fazem pensar de todo
em dormir.
mas em algo completamente
diferente. especialmente lençóis brancos acabados de
estrear.
deviam colocar velhas senhoras como ela na secção
de comida para cão, ou na de jardinagem e
quando ela me deu os individuais eu soube que ela soube que eu dormia
sozinho. tal como
ela.

- charles bukowski -
(tradução, menino mau)


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- serrah -
(empty bed)

- maserati -
(kalimera)

quinta-feira, 23 de julho de 2009

fiódor dostoiévski vs wim wenders + kaki king

oh, digam-me quem foi o primeiro que anunciou, o primeiro
a proclamar que o homem só comete baixezas porque não
compreende os seus verdadeiros interesses, e que se o
instruíssem sobre esse ponto, se lhe abrissem os olhos
sobre o seu verdadeiro interesse, sobre o seu interesse
normal, tornar-se-ia imediatamente bom e generoso! e isto
pela simples razão de que, sendo inteligente, se conseguisse
conhecer o que é vantajoso, só encontraria o bem; e como
o homem não pode actuar contra o seu interesse, com
conhecimento de causa, havia portanto de conduzir-se
necessariamente bem. oh! criança inocente e pura! mas
quando se deu através dos séculos, pela primeira vez, o
caso de que o homem actuasse somente consultando o
seu interesse? não tem valor nenhum os milhões de factos
que testemunham que os homens informados, isto é,
conhecedores dos verdadeiros interesses, os desdenham
e se atiram à aventura por outros caminhos onde, sem que
ninguém os obrigue, se expõem a riscos e a perigos, como
se quisessem deliberadamente desviar-se do bom caminho
para abraçar de propósito outro mais difícil e absurdo, que
hão-de procurar às cegas? é assim evidente que essa
teimosia e independência de acção lhes são mais
agradáveis do que todas as vantagens? são capazes de
definir exactamente a que se resume a vantagem para o
homem? e se, no entanto, pudesse acontecer alguma vez
que a vantagem para o homem consistisse, e não só
consistisse como tivesse de consistir, na circunstância
de ter de desejar-se o que é prejudicial e não o que é
vantajoso? se assim fosse, se pudesse dar-se um caso
semelhante, a regra dos senhores ficaria anulada.
admitem os senhores a possibilidade de casos
semelhantes? estão a rir-se? riam-se como quiserem,
meus senhores, mas respondam: os interesses do homem
estão perfeitamente definidos? não há, entre esses
interesses, alguns que não foram incluídos nem poderão
nunca sê-lo em nenhuma classificação? pelo que sei,
os senhores traçaram a sua lista dos interesses humanos
relativamente a uma média tirada das estatísticas, das
fórmulas científicas e económicas.
(...)
o nosso próprio desejo, voluntário e livre; o nosso próprio
capricho, ainda mais irreflectido; a fantasia desenfreada até
raiar a extravagância: eis em que consiste a vantagem,
grosso modo, o interesse mais importante, que não se
inclui em nenhuma classificação e que manda passear
todos os sistemas e teorias. como puderam imaginar todos
esses sábios que o homem precisa de uma vontade normal
virtuosa? onde foram buscar essa ideia de que o homem só
precisa de desejar de maneira sensata e proveitosa? o
homem só precisa de uma coisa: querer com independência,
custe o que custar essa independência e quaisquer que
sejam as consequências que dela derivem. mas no fim de
contas, só o diabo deve saber o que o homem deseja...

- fiódor dostoiévski -
(o subterrâneo)


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- wim wenders -
(der himmel über berlin)

- kaki king -
(doing the wrong thing)

quarta-feira, 22 de julho de 2009

antonio tabucchi vs jonsi and alex

actor
sou um poeta,
sou um actor,
mas de manhã acordo, visto-me,
enfio os sapatos,
saio para a rua e sou como toda a gente,
e na rua passam os passantes,
olho para eles e sorrio porque passam,
e passo eu também e ninguém dá por mim.
mas depois,
na solidão do meu quarto,
abro os postigos da alma,
olho para o fundo dos subterrâneos,
e há por lá ratos,
ribeiros de diamante,
belezas, miasmas e rancores:
faço-o por mim, faço-o por vós,
porque alguém há-de ter de olhar,
e isso cabe aos poetas,
aos que procuram estrelas no fundo dos poços.
às vezes vejo figuras,
lembranças, velhacas memórias,
ou então vestígios
do que queria ser e não fui,
lívidos desejos apenas
que flutuam como bichos mortos.
o amor,
também o conheci.
tinha a forma de uma rapariga,
doce, risonha, apaixonada,
com olhos maliciosos de tão ingénuos.
também ela julgou que me amava,
e combinávamos encontros,
sempre em lugares altos,
nos miradouros da cidade;
a noite caía, e entretanto nós,
apoiados nos parapeitos,
íamos imaginando a vida que não iríamos ter.

- antonio tabucchi -
(chamam a telefone o senhor pirandello)

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- jonsi and alex -
(atlas song)

terça-feira, 21 de julho de 2009

richard d. schoenberg vs squarepusher


- squarepusher -
(quadrature)


land

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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -


street

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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -


military

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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -
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- richard d. schoenberg -

segunda-feira, 20 de julho de 2009

luigi pirandello vs akira kurosawa + anouar brahem

o homem da flor: (...) eu digo-lhe que preciso de me agarrar
através da imaginação à vida alheia, mas assim, sem prazer,
sem me interessar nada por ela, pelo contrário... pelo contrário...
para lhe sentir o fastio, para julgá-la insípida e fútil, a vida. a tal
ponto que não deva ter importância para ninguém por-lhe um
fim.
com raiva contida:
e era isso que era de demonstrar, está a ver? com provas e
exemplos contínuos, a nós próprios, implacavelmente. porque,
caro senhor, nós não sabemos de que coisa é feito, mas é que,
é que, todos o sentimos aqui, como um nó na garganta, o sabor
da vida, sempre insatisfeita, que nunca se pode satisfazer,
porque a vida, no próprio acto de a vivermos, é assim, sempre
ávida de si mesma, não se deixa saborear. o saber está no
passado, que permanece vivo cá dentro. o gosto da vida
vem-nos daí, das recordações que nos têm amarrados. mas
amarrados a quê? a esta sensaboria aqui... a este tédio...
a tantas estúpidas ilusões... insípidas ocupações... sim, sim.
isto que agora, aqui, é uma sensaboria... isto que agora é
para nós uma desventura, uma verdadeira desventura...
sim senhor, à distância de quatro, cinco, dez anos, quem sabe
que sabor terá tomado... que gosto, estas lágrimas... e a vida,
santo deus, só o pensar em perdê-la... especialmente quando
se sabe que é uma questão de dias... (...)

- luigi pirandello -
(o homem da flor na boca)


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- akira kurosawa-
(ikiru)

- anouar brahem -
(talwin)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

augusto monterroso vs oOMaD MonkeYOo + aaron copland

a ovelha negra

num país longínquo existiu há muitos anos
uma ovelha negra.
foi fuzilada.
um século depois, o rebanho arrependido er-
gue-lhe uma estátua equestre que ficou muito
bem no parque.
assim, sucessivamente, de cada vez que apare-
ciam ovelhas negras eram rapidamente trespas-
sadas pelas armas para que as futuras gerações
de ovelhas comuns e correntes pudessem exer-
citar-se também na escultura.

- augusto monterroso -



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- oOMaD MonkeYOo -
(pauv tache)

- aaron copland -
(fanfare for the common man)

terça-feira, 14 de julho de 2009

banksy vs dj honda (feat. jeru the damaja)


- dj honda (feat. jeru the damaja) -
(el presidente)


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- banksy -

sexta-feira, 10 de julho de 2009

samuel beckett vs sun o)))

manel este é prati!


vladimir:
não vamos perder mais tempo com discursos inúteis!
(pausa. veemente.) vamos fazer qualquer coisa enquanto podemos!
não é todos os dias que somos precisos. se bem que não sejamos
precisamente nós a ser precisos. outros abordariam o problema tão
bem quanto nós, se não mesmo melhor. aqueles gritos de socorro
que ainda tilintam nos nossos ouvidos, foram dirigidos a toda a
humanidade! mas neste local, neste momento, nós somos toda a
humanidade, quer queiramos quer não. vamos aproveitar antes
que seja tarde demais! vamos pelo menos por uma vez representar
condignamente a asquerosa raça à qual um cruel destino nos
consignou! o que é que me dizes? (estragon não diz nada.)
é verdade que, quando ficamos de braços cruzados a pesar os prós
e os contras, não deixamos de honrar a nossa espécie. o tigre
precipita-se em socorro dos seus congéneres sem qualquer
hesitação, ou então esquiva-se por entre as profundezas do mato.
mas não é essa a questão. o que é que nós estamos aqui a fazer,
eis a questão. e felizmente temos o privilégio de, por acaso, saber
a resposta. é verdade, no meio desta imensa confusão apenas uma
coisa é clara. estamos à espera que o godot venha -

estragon: ah, pois é.

pozzo: socorro!

vladimir: ou que a noite caia. (pausa.) cumprimos o combinado,
quanto a isso não há dúvida. não somos nenhuns santos, mas
cumprimos o combinado. quantas mais pessoas poderão dizer
o mesmo?

estragon: biliões.

vladimir: achas?

estragon: não sei.

vladimir: és capaz de ter razão.

pozzo: socorro!

vladimir: só sei que nestas condições as horas duram mais e
nos obrigam a iludi-las com actividades que - como é que hei-de
dizer - que poderão parecer à primeira vista razoáveis, até se
tornarem num hábito. poderás dizer que é para evitar o colapso
da nossa razão. sem dúvida. mas será que não anda ela há já
muito a vaguear pela noite sem fim das profundezas abissais?
é isso que por vezes me pergunto. estás a seguir o meu raciocínio?

- samuel beckett -
(à espera de godot)


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- sun o))) -
(richard)

quarta-feira, 8 de julho de 2009

akira kurosawa vs sounds of nature


- sounds of nature -

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oldman:
we try to live the way man used to.
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that's the natural way of life.
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people today have forgotten they're really just a part of nature.

yet, they destroy the nature on which our lives depend.
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they always think they can make something better.
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especially scientists.
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they may be smart but most don't understand the heart
of nature.
they only invent things that in the end make
people unhappy.
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yet they're so proud of their inventions.
what's worse, most people are, too.
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they view them as if they were miracles.
they worship them.

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they don't know it,but they're losing nature.
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they don't see that they're going to perish.
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the most important things for human beings are clean air and
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clean water and the trees and grass that produce them.
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everything is being dirtied polluted forever.
dirty air, dirty water...
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dirtying the hearts of men.
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- akira kurosawa -
(dreams)