quarta-feira, 22 de abril de 2009

edgar allan poe vs current 93

não sabia como era - porém, ao primeiro vislumbre
do edifício, trespassou-me a alma uma sensação de
insuportável soturnidade. digo insuportável, pois

essa impressão não se deixava aliviar por nenhum
daqueles sentimentos quase aprazíveis, porque
poéticos, com os quais o espírito costuma acolher
até as mais severas imagens naturais do desolado
ou do terrível. contemplei a cena diante de
mim - apenas a casa e as meras características
paisagísticas da região - os muros sombrios - as
janelas vazias em forma de olho - uns quantos
caniços grosseiros - e uns poucos troncos de ár-
vores decadentes - com uma expressão na alma de
tal maneira intensa que a não conseguiria compa-
rar adequadamente a nenhuma outra sensação ter-
restre que não à do torpor do celebrante por
causa do ópio - o lapso amargo que abre para a
vida quotidiana - o detestável cair do véu.
sobreveio uma gelidez, um afundamento, um nau-
sear do coração - uma irremível soturnidade de
pensamento que jamais o espicaçar da imaginação
poderia transformar em qualquer coisa de sublime.
o que seria - parei eu para pensar - o que seria
que tanto me intimidava ao contemplar a casa de
usher?

- edgar allan poe -


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- current 93 -
(the teeth of the winds of the sea)

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