qualquer movimento mata algo.
mata o lugar que se abandona,
o gesto, a posição irrepetível,
algum anónimo organismo,
um sinal, um olhar,
um amor que voltava,
uma presença ou o seu contrário,
a vida sempre de algum outro,
a própria vida sem os outros.
e estar aqui é mover-se,
estar aqui é matar algo.
até os mortos se movem,
até os mortos matam.
aqui o ar cheira a crime.
mas o odor vem de mais longe.
e até o odor morre.
- roberto juarroz -
(poesia vertical, trad. menino mau)
- nebulo -
(mecaninduction)
2 comentários:
adorei
muito obrigado. :)
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