um dia mrs. hopewell agarrou um dos livros que
a rapariga acabava de pousar, abriu-o ao acaso e
leu: «a ciência, por outro lado, tem de assumir
de novo a sua sobriedade e a sua seriedade e de-
clarar-se interessada unicamente naquilo que
existe. o nada - o que pode o nada ser para a
ciência senão um horror e um fantasma? se a ci-
ência está correcta, então há uma realidade que
é inegável: a ciência procura saber nada sobre
nada. esta é afinal, a aproximação estritamente
científica ao nada. sabê-lo através do nosso de-
sejo de sabermos nada do nada.» estas palavras
haviam sido sublinhadas com um lápis azul e ti-
veram em mrs. hopewell o efeito de uma encanta-
ção demoníaca em código. fechou o livro a cor-
rer e saiu do quarto como se estivesse a ter os
arrepios que antecedem a febre.
- flannery o'connor -
(a gente sã do campo)
- sonic youth -
(tokyo eye)
2 comentários:
fabuloso, só tu para ilustrar tão bem esse excerto:)
thanks. :)
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