geografias
[...]
«...mares paralelos (rios?). a água infinita (o mar?)
cresce em determinados momentos como uma hera-hera-hera
(ideia de uma parede muito alta, que representaria a maré?).
quando se vai-vai-vai-vai (análoga noção aplicada para
a distância), chega-se à grande sombra verde (um campo
semeado, um matagal, um bosque?) onde o grande deus guarda
o celeiro para as melhores obreiras. nesta região abundam
os horríveis imensos seres (homens?) que destroem os nossos
carreiros. do lado de lá da grande montanha verde, começa
o céu duro (uma montanha?). e é tudo nosso, mas com ameaças.»
esta geografia foi objecto de outra interpretação (dick fry
e niels peterson jr.). o texto corresponderia topografica-
mente a um pequeno jardim da rua laprida, nº 628, buenos
aires. os mares paralelos são dois canos de escoamento;
a água infinita seria um charco dos patos; a grande sombra
verde, um canteiro de alfaces. os horríveis imensos seres
insinuariam os patos ou galinhas, embora se não deva afastar
a possibilidade de realmente se tratar de homens. a respeito
do céu duro já se trava uma polémica que tão depressa não
acabará. à opinião de fry e peterson, que nele vêem qualquer
coisa como vidro, opõe-se a de guilherme sofovich, que julga
tratar-se de um bidé abandonado no meio das alfaces.
- julio cortázar -
- kid kongo -
(pumpkin pie)
Sem comentários:
Enviar um comentário