terça-feira, 30 de junho de 2009
street art vs cypress hill
- cypress hill -
(insane in the brain)
all artists are prepared to suffer for their work
but why are so few prepared to learn to draw?
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
camilo josé cela vs yuri bonder + john zorn
quando se é jovem a sério, é-se jovem
para toda a vida.
picasso
na galilea, zurzido (e também bucólico)
cata-vento da ilha de maiorca, o espectador
conheceu uma menina de três anos com cara
de viúva. a criaturinha chama-se gildarda,
tal e qual uma infanta goda, e tem os olhi-
nhos próximos e pequeninos, o cabelo triste-
mente frouxo, as pernas curtas, o traseiro
cheiinho e circunspecto, a voz de grilo, o
gesto solene, a saíta plissada e a camisola
cor verde alface. gildarda, vendo bem, é um
nojo de miúda. gildarda nasceu viúva, tem já
três anos de viuvez; se não recebe nem um
chavo pela viuvez não é por culpa dela: os
seguros estão ainda na etapa do direito
administrativo.
gildarda e o espectador, às vezes, brincam às
cozinhas com feijões e grãos-de-bico. gildarda
é muito trabalhadeira, anda sempre bem dis-
posta e puxa o lustro aos feijões com a ponta
da combinação; então o espectador (que não há
maneira de assentar a cabeça) aproveita para
lhe dar um pontapé ou para lhe deitar água
nas costas. gildarda chora, e o espectador,
arrebanhando as suas últimas energias, conse-
gue que a consciência lhe remorda um bocadi-
nho, quase nada. gildarda e o espectador, com
as suas brincadeiras, divertem-se bastante.
há quem nasça velho e quem morra, pasmado
pelos anos, galharda ou ternamente jovem,
conforme o temperamento e o ofício. no livro
dos provérbios lê-se que a alegria da juven-
tude é a sua força; há quem nasça tendo já
abdicado sem o saber (da mesma forma que os
príncipes nascem príncipes) e há quem morra
com netos e como sem ter dado importância à
briga. para cristina da suécia, tudo o que é
fraco é velho e tudo o que é forte, novo.
se calhar um dia descobre-se que o calendá-
rio não serve para medir a idade. gildarda
é uma velhinha respeitável (embalsamável) que
acaba de nascer. quando gildarda chegar aos
seus vinte e cinco anos, à senilidade, o
espectador - se deus se dignar a tal - terá
de ser procurado nos campos onde se joga à
moeda, às caricas e à bola.
- chuta, camilo, que estamos empatados a
dezoito!
gildarda, então, gritando como uma possessa
«que horror!», «que horror!», correrá para
se refugiar na delicada sombra onde vivem,
se reproduzem e morrem os misteriosos e
cautelosos cogumelos do mais atroz esque-
cimento. pior para ela!
- camilo josé cela -
(o pé na bola ou a parábola da juventude
para toda a vida)
- yuri bonder -
(boy and girl)
- john zorn -
(a ride on cotton fair)
para toda a vida.
picasso
na galilea, zurzido (e também bucólico)
cata-vento da ilha de maiorca, o espectador
conheceu uma menina de três anos com cara
de viúva. a criaturinha chama-se gildarda,
tal e qual uma infanta goda, e tem os olhi-
nhos próximos e pequeninos, o cabelo triste-
mente frouxo, as pernas curtas, o traseiro
cheiinho e circunspecto, a voz de grilo, o
gesto solene, a saíta plissada e a camisola
cor verde alface. gildarda, vendo bem, é um
nojo de miúda. gildarda nasceu viúva, tem já
três anos de viuvez; se não recebe nem um
chavo pela viuvez não é por culpa dela: os
seguros estão ainda na etapa do direito
administrativo.
gildarda e o espectador, às vezes, brincam às
cozinhas com feijões e grãos-de-bico. gildarda
é muito trabalhadeira, anda sempre bem dis-
posta e puxa o lustro aos feijões com a ponta
da combinação; então o espectador (que não há
maneira de assentar a cabeça) aproveita para
lhe dar um pontapé ou para lhe deitar água
nas costas. gildarda chora, e o espectador,
arrebanhando as suas últimas energias, conse-
gue que a consciência lhe remorda um bocadi-
nho, quase nada. gildarda e o espectador, com
as suas brincadeiras, divertem-se bastante.
há quem nasça velho e quem morra, pasmado
pelos anos, galharda ou ternamente jovem,
conforme o temperamento e o ofício. no livro
dos provérbios lê-se que a alegria da juven-
tude é a sua força; há quem nasça tendo já
abdicado sem o saber (da mesma forma que os
príncipes nascem príncipes) e há quem morra
com netos e como sem ter dado importância à
briga. para cristina da suécia, tudo o que é
fraco é velho e tudo o que é forte, novo.
se calhar um dia descobre-se que o calendá-
rio não serve para medir a idade. gildarda
é uma velhinha respeitável (embalsamável) que
acaba de nascer. quando gildarda chegar aos
seus vinte e cinco anos, à senilidade, o
espectador - se deus se dignar a tal - terá
de ser procurado nos campos onde se joga à
moeda, às caricas e à bola.
- chuta, camilo, que estamos empatados a
dezoito!
gildarda, então, gritando como uma possessa
«que horror!», «que horror!», correrá para
se refugiar na delicada sombra onde vivem,
se reproduzem e morrem os misteriosos e
cautelosos cogumelos do mais atroz esque-
cimento. pior para ela!
- camilo josé cela -
(o pé na bola ou a parábola da juventude
para toda a vida)
- yuri bonder -
(boy and girl)
- john zorn -
(a ride on cotton fair)
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sexta-feira, 26 de junho de 2009
samuel beckett vs the kilimanjaro darkjazz ensemble
clov: já estou de volta com uma bolacha.
põe a bolacha na mão de nagg, que pega nela, apalpa-a
e torce o nariz.
nagg(queixoso): o que é isto?
clov: a bolacha clássica.
nagg(igual): é dura! não posso!
hamm: tapa-o!
clov empurra nagg para dentro do caixote do lixo, e põe
a tampa.
clov(voltando ao seu lugar ao lado da cadeira): se a velhice
soubesse!
hamm: senta-te em cima.
clov: não posso sentar-me.
hamm: é verdade. e eu não posso estar de pé.
clov: é assim.
hamm: a cada um a sua especialidade. (pausa.) alguém
telefonou? (pausa.) não nos rimos?
clov(depois de pensar): não me apetece.
hamm(depois de pensar): nem a mim. (pausa.) clov.
clov: o que é?
hamm: a natureza esqueceu-se de nós.
clov: já não há natureza.
hamm: não há natureza! que exagero.
clov: nos arredores.
hamm: mas nós respiramos, mudamos! cai-nos o cabelo,
os dentes! a nossa frescura! os nossos ideais!
clov: então não se esqueceu de nós.
- samuel beckett -
(fim de partida)
- the kilimanjaro darkjazz ensemble -
(caos calmo)
põe a bolacha na mão de nagg, que pega nela, apalpa-a
e torce o nariz.
nagg(queixoso): o que é isto?
clov: a bolacha clássica.
nagg(igual): é dura! não posso!
hamm: tapa-o!
clov empurra nagg para dentro do caixote do lixo, e põe
a tampa.
clov(voltando ao seu lugar ao lado da cadeira): se a velhice
soubesse!
hamm: senta-te em cima.
clov: não posso sentar-me.
hamm: é verdade. e eu não posso estar de pé.
clov: é assim.
hamm: a cada um a sua especialidade. (pausa.) alguém
telefonou? (pausa.) não nos rimos?
clov(depois de pensar): não me apetece.
hamm(depois de pensar): nem a mim. (pausa.) clov.
clov: o que é?
hamm: a natureza esqueceu-se de nós.
clov: já não há natureza.
hamm: não há natureza! que exagero.
clov: nos arredores.
hamm: mas nós respiramos, mudamos! cai-nos o cabelo,
os dentes! a nossa frescura! os nossos ideais!
clov: então não se esqueceu de nós.
- samuel beckett -
(fim de partida)
- the kilimanjaro darkjazz ensemble -
(caos calmo)
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quinta-feira, 25 de junho de 2009
hiroshi watanabe vs kronos quartet with david barron
- kronos quartet with david barron -
(leaving carmel, californi-el)
ideology in paradise
(li min gyong, pyongyang schoolchildren's palace, north korea)
(entrance, pyongyang schoolchildren's palace, north korea)
(students and their teacher, mangyongdae, north korea)
(boom box & waitress, ansanggakdo restaurant, north korea)
(painter, moranbong park, north korea)
(billboard for kim il sung’s birthday celebration, north korea)
(mangyongbong 92, wonsan, north korea)
(japanese movie set, korean film studio, north korea)
(japanese movie set, korean film studio, north korea)
(arirang, may day stadium, north korea)
(juche tower park, pyongyang, north korea)
(soldiers, demilitarized zone, north korea)
(ferris wheel, mangyondae fun fair, north korea)
(jangdok jetty, wonsan, north korea)
(tongmyong hotel, wonsan, north korea)
(songdowon international children’s camp, north korea)
(reception desk, tongmyong hotel, wonsan, north korea)
(nursery, jonsun co-operative farm, north korea)
(barbershop, jonsun co-operative farm, north korea)
(movie billboard , jonsun co-operative farm, north korea)
(sungri street, pyongyang, north korea)
(music band, pyongyang school, north korea)
(singers, mangyondae schoolchildren’s palace, north korea)
(pyongyang central zoo, north korea)
(pond, pyongyang central zoo, north korea)
(boy soldier, army day, pyongyang, north korea)
(cherry blossoms, west sea of korea, north korea)
(juche tower at night, north korea)
(subway station, pyongyang, north korea)
(international train, north korea)
- hiroshi watanabe -
(ideology in paradise)
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