em vagões aferrolhados
os nomes atravessam o país.
mas para onde vão
e se um dia sairão,
não perguntem, não respondo, não sei.
o nome natão desfere murros na parede,
o nome isaac em loucura canta,
o nome sara por água grita
para o nome aarão que morre de sede.
não saltes em movimento, ó nome de david.
tu és nome à derrota condenado,
nome sem casa, que não se usa
e nesta terra pesa demasiado.
que nosso filho tenha nome eslavo.
porque aqui até cabelos nos contam,
aqui, na separação do bem e do mal,
também nomes e olhos importam.
não saltes. nosso filho será lech.
não saltes. ainda é cedo.
não saltes. a noite ri-se e arremeda
o bater das rodas.
uma nuvem feita de gente passa sobre o país,
muita nuvem, pouca chuva, uma lágrima,
uma lágrima, pouca chuva, tempo seco.
no bosque negro perdem-se os carris.
pouca-terra, bate a roda. bosque negro.
pouca-terra, o comboio de clamores a passar.
pouca-terra, acordada na noite ouço
pouca-terra, o martelar do silêncio no silêncio.
- wislawa szymborska -
- steve reich -
(different trains, for double string quartet & tape.
europe - during the war)
europe - during the war)
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