poema
a poesia está guardada nas palavras - é tudo que
eu sei.
meu fado é o de não entender quase tudo.
prepondero a sandeu.
sobre o nada eu tenho profundidades.
não cultivo conexões com o real.
para mim, poderoso não é aquele que descobre ouro,
poderoso para mim é aquele que descobre as insignificâncias:
(do mundo e nossas)
por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil.
fiquei muito emocionado e chorei.
sou fraco para elogios.
- manoel de barros -
- amon tobin -
(eight sum)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
domingo, 26 de setembro de 2010
khalil gibran vs matthew shipp
o espantalho
certo dia disse a um espantalho: - deves estar cansado
de ficar quieto no meio deste campo deserto.
ele respondeu-me: - o prazer de espantar é profundo e
grande, nunca me cansa.
é verdade, disse eu, também já conheci esse prazer.
ele respondeu: - só podem conhecer esse prazer os que
estão cheios de palha.
afastei-me dele sem saber se a sua resposta era de
elogio ou de troça.
- khalil gibran -
- matthew shipp -
(equilibrium)
certo dia disse a um espantalho: - deves estar cansado
de ficar quieto no meio deste campo deserto.
ele respondeu-me: - o prazer de espantar é profundo e
grande, nunca me cansa.
é verdade, disse eu, também já conheci esse prazer.
ele respondeu: - só podem conhecer esse prazer os que
estão cheios de palha.
afastei-me dele sem saber se a sua resposta era de
elogio ou de troça.
- khalil gibran -
- matthew shipp -
(equilibrium)
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matthew shipp
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
fredrik marsh vs pink floyd
- pink floyd -
(several species of small furry animals gathered together in
a cave grooving with a pict)
transitions: the dresden project
during a three-month artist residency in Dresden, Germany in 2002
and over the next 4 subsequent summers, fredrik marsh explored
the city and its outskirts, finding myself increasingly drawn
towards photographing empty structures overlooked in the
rebuilding, reconstruction, and renewal process still underway.
encountered during these many extended walks throughout the now
familiar city, his efforts concentrated on photographing the
detritus of human culture discovered in the decaying interior
spaces of vacant factories, abandoned apartments, and hotel rooms.
the dresden project demonstrates the juxtapositions and ironies
still abundant in the post-Socialist world, showing the old and
the new as well as the grandeur and the decay of these once-
majestic buildings.
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, buchenstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned house, am kirchberg, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, vorwerkstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near koblenzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near mockritzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, vorwerkstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, am lagerplatz, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, stauffenbergallee, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, johannstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, stauffenbergallee, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near koblenzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned bus depot, tolkewitzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, mickten district, 2004)
- fredrik marsh -
(abandoned factory, leipziger straße, 2004)
transitions: the dresden project
during a three-month artist residency in Dresden, Germany in 2002
and over the next 4 subsequent summers, fredrik marsh explored
the city and its outskirts, finding myself increasingly drawn
towards photographing empty structures overlooked in the
rebuilding, reconstruction, and renewal process still underway.
encountered during these many extended walks throughout the now
familiar city, his efforts concentrated on photographing the
detritus of human culture discovered in the decaying interior
spaces of vacant factories, abandoned apartments, and hotel rooms.
the dresden project demonstrates the juxtapositions and ironies
still abundant in the post-Socialist world, showing the old and
the new as well as the grandeur and the decay of these once-
majestic buildings.
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, buchenstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned house, am kirchberg, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, vorwerkstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near koblenzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near mockritzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, vorwerkstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, am lagerplatz, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, stauffenbergallee, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, johannstraße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, stauffenbergallee, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, near koblenzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned building, dresden-übigau, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned bus depot, tolkewitzer straße, 2005)
- fredrik marsh -
(abandoned apartment, mickten district, 2004)
- fredrik marsh -
(abandoned factory, leipziger straße, 2004)
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quinta-feira, 16 de setembro de 2010
pierre reverdy vs the residents
inverno
através da densa e gelada chuva daquela noite onde a avenida
é mais luminosa, um pequeno escuro homem com a cara azul.
é do frio? dum fogo interior aceso pelo álcool?
mas os seus enormes sapatos estão cheios de água e ele vagueia
pelos candeeiros da rua. ele é a alegria e o lamento das meninas.
que emoção pesada! quem o quererá levar?
oh gente da rua que levou esta dura vida e que menos não se
poderia importar, não vos entendo! eu gosto do calor, conforto,
e tranquilidade.
oh gente que os despreza, vocês assustam-me!
- pierre reverdy -
- the residents -
(notchi)
através da densa e gelada chuva daquela noite onde a avenida
é mais luminosa, um pequeno escuro homem com a cara azul.
é do frio? dum fogo interior aceso pelo álcool?
mas os seus enormes sapatos estão cheios de água e ele vagueia
pelos candeeiros da rua. ele é a alegria e o lamento das meninas.
que emoção pesada! quem o quererá levar?
oh gente da rua que levou esta dura vida e que menos não se
poderia importar, não vos entendo! eu gosto do calor, conforto,
e tranquilidade.
oh gente que os despreza, vocês assustam-me!
- pierre reverdy -
- the residents -
(notchi)
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010
robert louis stevenson vs starfucker
os fios de uma história entrelaçam-se de vez em quando e
formam uma imagem na teia; de vez em quando, as personagens
adoptam uma atitude entre si ou em relação à natureza, que
deixa a história gravada como uma ilustração. crusoe retro-
cedendo perante uma pegada, aquiles gritando contra os
troianos, ulisses dobrando um grande arco, christian a cor-
rer com os dedos nos ouvidos: todos estes são momentos cul-
minantes na lenda, e todos ficaram impressos para sempre
no olho da mente. podemos esquecer outras coisas; podemos
esquecer as palavras, mesmo que sejam belas; podemos esque-
cer os comentários do autor, mesmo que sejam engenhosos e
verdadeiros; mas estas cenas capitais, que põem a marca
definitiva da verdade numa história e, de um só golpe,
preenchem a nossa capacidade de prazer, adoptamo-las de
tal modo no íntimo do nosso espírito que nem o tempo nem
a maré podem apagar ou enfraquecer a sua impressão.
- robert louis stevenson -
(a gossip on romance, memories an portraits)
- starfucker -
(bed-stuy [super cop])
formam uma imagem na teia; de vez em quando, as personagens
adoptam uma atitude entre si ou em relação à natureza, que
deixa a história gravada como uma ilustração. crusoe retro-
cedendo perante uma pegada, aquiles gritando contra os
troianos, ulisses dobrando um grande arco, christian a cor-
rer com os dedos nos ouvidos: todos estes são momentos cul-
minantes na lenda, e todos ficaram impressos para sempre
no olho da mente. podemos esquecer outras coisas; podemos
esquecer as palavras, mesmo que sejam belas; podemos esque-
cer os comentários do autor, mesmo que sejam engenhosos e
verdadeiros; mas estas cenas capitais, que põem a marca
definitiva da verdade numa história e, de um só golpe,
preenchem a nossa capacidade de prazer, adoptamo-las de
tal modo no íntimo do nosso espírito que nem o tempo nem
a maré podem apagar ou enfraquecer a sua impressão.
- robert louis stevenson -
(a gossip on romance, memories an portraits)
- starfucker -
(bed-stuy [super cop])
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quarta-feira, 8 de setembro de 2010
alberto moravia vs sun ra
(...)
a índia é um conceito de vida.
que conceito?
o bem conhecido conceito, segundo o qual tudo
aquilo que parece real não é real, e tudo aquilo que
não parece real é real. deste conceito deriva a des-
valorização completa da vida como coisa absurda e
dolorosa, e a convicção de que o homem não deve
agir para melhorar o mundo, mas sim para dele sair
e juntar-se à realidade supra-sensível, ou seja,
espiritual. a religião é, pois, um conceito comple-
tamente negativo no que respeita à realidade dos
sentidos, por ser completamente positivo quanto à
realidade espiritual.
(...)
é um conceito pessimista.
não, não é um conceito pessimista, é um conceito
que nega certas coisas e afirma algumas outras. é
pessimista se o considerarmos do ponto de vista das
coisas que nega, é optimista se o considerarmos do
ponto de vista das coisas que afirma. é pessimista
do ponto de vista europeu ou, pelo menos, daquele
que em tempos era o ponto de vista europeu; é opti-
mista do ponto de vista indiano ou, pelo menos, da-
quele que era em tempos o ponto de vista indiano.
porquê? ambos os pontos de vista mudaram?
sim, mudaram.
e de que modo?
os indianos imitam os europeus e os europeus os
indianos.
(...)
- alberto moravia -
(uma ideia da índia)
- sun ra -
(enlightenment)
a índia é um conceito de vida.
que conceito?
o bem conhecido conceito, segundo o qual tudo
aquilo que parece real não é real, e tudo aquilo que
não parece real é real. deste conceito deriva a des-
valorização completa da vida como coisa absurda e
dolorosa, e a convicção de que o homem não deve
agir para melhorar o mundo, mas sim para dele sair
e juntar-se à realidade supra-sensível, ou seja,
espiritual. a religião é, pois, um conceito comple-
tamente negativo no que respeita à realidade dos
sentidos, por ser completamente positivo quanto à
realidade espiritual.
(...)
é um conceito pessimista.
não, não é um conceito pessimista, é um conceito
que nega certas coisas e afirma algumas outras. é
pessimista se o considerarmos do ponto de vista das
coisas que nega, é optimista se o considerarmos do
ponto de vista das coisas que afirma. é pessimista
do ponto de vista europeu ou, pelo menos, daquele
que em tempos era o ponto de vista europeu; é opti-
mista do ponto de vista indiano ou, pelo menos, da-
quele que era em tempos o ponto de vista indiano.
porquê? ambos os pontos de vista mudaram?
sim, mudaram.
e de que modo?
os indianos imitam os europeus e os europeus os
indianos.
(...)
- alberto moravia -
(uma ideia da índia)
- sun ra -
(enlightenment)
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