os automóveis saíam de ruas estreitas e fundas e para a luz clara
e neutra das praças. as manchas escuras dos peões desenhavam
cordões nebulosos. nos pontos em que as linhas mais fortes dos
mais apressados cruzavam os fluxos mais tranquilos, esses cordões
engrossavam, escorriam depois mais depressa e, após algumas
oscilações, retomavam o seu ritmo regular. centenas de sons
entreteciam-se num ruído metálico de onde saíam aqui e ali
algumas pontas, arestas cortantes que se alongavam e retraíam,
estilhaços de notas límpidas que logo se desvaneciam. este ruído,
cuja singularidade se não pode descrever, seria suficiente para que
alguém, mesmo depois de muitos anos de ausência, pudesse reconhecer
de olhos fechados que se encontrava em viena, cidade capital e
residencial do império. as cidades, como os homens, reconhecem-se
pelo passo.
- robert musil -
(o homem sem qualidades)
- max richter -
(a sudden manhattan on the mind)
2 comentários:
Isto é muito bom...
:) bem haja. ^^
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